om a pandemia do Covid-19 o mercado está gradualmente mais instável, tendo quase que diariamente um aumento nos custos de produção, isso se dá porque muitos dos insumos utilizados têm como base de valor, o dólar. Além disso, é notório que ao longo do tempo os custos não têm acompanhado os aumentos dos preços pagos ao produtor o que deteriora a relações de troca, ou seja, se o custo de produção aumenta em 10%, o preço pago ao produtor não tem aumentado nessa mesma proporção, como pode ser visto na imagem abaixo, onde em maio de 2019 precisava-se de 31,7 litros de leite para comprar uma saca de milho, em novembro de 2020 subiu para 52,1 litros tendo um aumento de 39%.
Isso também se deve ao mercado existente onde há poucas indústrias que compram leite para muitos produtores no mercado, tornando-os tomadores de preço. Assim, manter a diferença entre a receita menos o custo no azul tem se tornado cada vez mais difícil. Para isso, só existem dois jeitos, ou aumenta-se a receita ou diminui-se os custos. Muito se engana o produtor que acha que os únicos custos a serem considerados são os variáveis, como a ração concentrada, os medicamentos, energia, mão de obra dentre outros. Os custos fixos devem entrar nesta soma, e estes são decisivos no sucesso da atividade. Vamos entender o porquê.
Ao preparar uma área de silagem para o gado, os custos de preparo com gradagem, plantio e colheita, são os mesmos por hectare, independente da quantidade a ser colhida, pois para efetuar estes procedimentos você pagará:
- 1 hora e meia de trator para gradear,
- 1 hora e meia para plantar
- e por volta de 1 hora para colher a área, independente do que vamos colher.
Consideremos que isso custe R$ 1.000,00. Digamos que o custo variável com adubos, fungicidas, herbicidas e inseticidas, seja de R$ 1.500,00, totalizando R$2.500,00/ha. Tendo uma produtividade de 18.000 kg/hectare em média, o custo é de R$: 0,14/kg de silagem, sem se contar as perdas que ocorreram durante a colheita e no armazenamento que aumentam esse valor.
Agora, vamos mudar de cenário e pensar que nesse mesmo hectare investimos um pouco mais em adubação compatível com o que a planta extrai para produzir e utilizarmos sementes de mais alta produtividade. Digamos que o custo total aumente para R$4.000,00, no entanto a produção chegue a 45.000kg. o valor por kg/produzido chega a R$ 0,09/kg.
A diferença parece pouca mas se considerarmos apenas os custos fixos pelo pelo que foi produzido, o que antes era R$ 0,05/kg produzido agora só representa R$: 0,02/kg. Assim, alimentando um rebanho de 100 animais, que consumam 30 kg de silagem por dia, por 180 dias, com um custo fixo de R$: 0,05, teremos um custo total de R$: 27.000,00 ao final do período. Se esse custo cair para 2 centavos, o custo final será de R$: 10.800, ficando no bolso do produtor R$: 16.200.
Além do que, fazendo uma conta de boteco, com o hectare de alta produtividade conseguimos alimentar um rebanho de oito vacas comendo 30 kg de silagem por dia durante 180 dias, com o mesmo hectare mas com baixas produções, consegue-se alimentar 3 animais. Se forem 10 hectares, são 50 vacas a mais produzindo no período seco, 50 vacas a mais trazendo receita para dentro de casa. Sem se falar que uma planta bem nutrida terá em sua composição uma melhor qualidade, podendo o produtor diminuir um pouco do milho na ração concentrada, que como vimos está em alta.
Precisamos, na verdade devemos, ser mais eficientes na produção de alimentos para o rebanho se queremos sobreviver ao mercado, saber como empregar o capital de forma eficiente é a primeira das estratégias a serem tomadas.
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