MIP (Manejo Integrado de Pragas), consiste no uso de táticas e métodos de controle, utilizado isoladamente ou associados de forma harmônica, que procuram favorecer os fatores que causam mortalidade aos artrópodes-praga, em estratégias baseadas em parâmetros econômicos, ecológicos e sociais. Um dos principais objetivos do MIP é manter o nível populacional dos artrópodes-pragas abaixo do nível de dano econômico.
Um panorama da produção de grãos no Brasil
O Brasil é um dos maiores produtores de grãos do mundo, e mesmo em meio à crise sanitária da covid-19, o desempenho do agronegócio brasileiro se mostrou resistente e capaz de se reinventar, fazendo diferença na economia nacional.
De acordo com o MAPA, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Valor Bruto de Produção (VBP) da agropecuária em 2020 foi de R$871,3 bilhões. Desse valor, 67% corresponde à agricultura, com participação expressiva da produção de grãos, que teve volume recorde na safra 2019/2020 e tem uma projeção ainda maior para 2020/2021. A nova estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a colheita de grãos na safra 2020/2021 é de 260,8 milhões de toneladas, os dados estão no 10º levantamento da Safra de Grãos, divulgado pela instituição;
Mesmo com uma produção expressiva, quando consideramos as perdas quantitativas médias que são causadas por pragas no Brasil que foram estimadas pela FAO e pelo MAPA (BRASIL, 1993), em que aproximadamente 10% do total produzido é comprometido, percebemos a importância do manejo integrado de pragas no plantio, colheita e no armazenamento, para que não tenhamos problemas na ponta final do processo produtivo, evitando prejuízos na oferta destes alimentos. Os prejuízos qualitativos podem ser notados no comprometimento do grão que foi produzido podendo ter um menor valor agregado e até mesmo ser descartado pela indústria que produz os subprodutos daqueles grãos.
MIP de grãos armazenados
O MIP de Grãos Armazenados integra técnicas para que haja controle de pragas em unidades de armazenamento de grãos ou unidades de beneficiamento de sementes. Para o sucesso da produção, esse manejo deve ter início desde o plantio, para que uma vez produzido no campo com alta qualidade, esse grão possa ser armazenado em um ambiente adequado.
Quando compreendemos o funcionamento das unidades de armazenamento, mapeamos as pragas que podem causar danos a esses produtos, fazemos uso de medidas preventivas, curativas, métodos de controle, amostragem e monitoramento, da produção ao armazenamento, visamos a manutenção de grãos e sementes com alta qualidade.
A conservação inadequada dos grãos tem como causa diversos fatores, entre os quais se destaca a estrutura armazenadora deficitária, composta, em sua maioria, por armazéns graneleiros de grande capacidade estática, com sistema deficiente ou inexistente de controle de temperatura e deficiências no sistema de aeração. Assim, depois de limpos e secos, os grãos são colocados nesses armazéns, em que permanecem depositados até a retirada para consumo, sem haver o efetivo monitoramento da massa de grãos para verificar temperatura, umidade e presença de insetos, situações que podem determinar perdas quantitativas e qualitativas (LORINI, 2008).
No MIP de Grãos Armazenados a tomada de decisão é orientada pelo nível de controle, este que se baseia na presença ou ausência dos indivíduos. Com isso, faz-se necessário o emprego de um manejo rigoroso onde a o monitoramento destes e a identificação das espécies. Além disso, um estudo sobre o comportamento, formas de controle e prevenção, limpeza das unidades de armazenagem até o levantamento sobre danos econômicos causados,
Algumas medidas devem ser adotadas no uso no MIP para grãos armazenados:
- Mudança de comportamento dos armazenadores;
- Conhecimento da unidade armazenadora de grãos;
- Adoção de medidas de limpeza e higienização da unidade armazenadora;
- Correta identificação das pragas;
- Conhecimento sobre a resistência de pragas aos inseticidas químicos;
- Potencial de destruição de cada espécie-praga;
A classificação das pragas de produtos armazenados se dividem em:
Pragas primárias: Atacam grãos inteiros e sadios, e dependendo da parte que atacam são subdivididas em externas ou internas. Esse indivíduos penetram nos grãos para que possam completar seu ciclo de desenvolvimento;
Pragas secundárias: Que alimentam-se de grãos previamente danificados, acidentalmente quebrados ou trincados;
É de suma importância um acompanhamento contínuo, para que as infestações possam ser identificadas no início, evitando assim afetar a qualidade final de uma maior quantidade de grãos. Com esse levantamento e um eficiente método de amostragem e monitoramento o produtor consegue garantir um controle dos fatores que possam interferir na conservação dos grãos.